O pesadelo da imobilidade urbana: até quando?
O
sonho de modernidade se transformou no pesadelo da imobilidade e, mesmo
para a minoria que tem acesso aos automóveis, este modelo dá sinais de
esgotamento. Há mais subsídio para a produção de automóveis do que de
ônibus; e bilhões são gastos em obras para a inalcançável meta de
“desafogar o trânsito”, enquanto corredores de ônibus não saem do
papel.
No final de 2011, na abertura da
reunião do Fórum Nacional de Transporte, em João Pessoa, o Governador
da Paraíba, em sua fala, disse, mais ou menos literalmente a seguinte
frase: “as políticas do Governo Federal de incentivo à indústria
automobilística, ainda que tenham tido efeito benéfico para a economia,
foram desastrosas para as cidades brasileiras”.
O
Governador Ricardo Coutinho se referia aos congestionamentos, a parte
mais visível do problema. Perdas econômicas, para as cidades, e
deterioração da qualidade de vida, para a população, antes sentidas
apenas nas grandes metrópoles, se tornaram parte do cotidiano de todas
as cidades médias, e até de menor porte, guardadas as devidas
proporções, é claro.
Outros
graves problemas também decorrem do modelo de transporte abraçado pelo
país, mais intensamente a partir da segunda metade do século passado. Se
sofrem os privilegiados, padecem ainda mais aqueles que dependem do
transporte público, preteridos nos incentivos fiscais, ignorados nos
investimentos públicos e abandonados na gestão cotidiana do espaço
público de circulação.
Esforços
inúteis! Obras viárias faraônicas, cada vez mais caras, prometidas como
solução para os problemas do trânsito, têm vida útil cada vez mais
curta, quando já não são inauguradas saturadas, em função do vertiginoso
crescimento da frota de automóveis em circulação. Não há solução para o
deslocamento diário de grandes quantidades de pessoas que não seja o
transporte público, de qualidade e a preços acessíveis, para a
população.
E,
por fim, serão necessárias crescentes restrições econômicas (pedágio
urbano) e operacionais (rodízio), destinadas a reduzir o uso do
transporte individual. Como o espaço viário é escasso, ele precisa ser
destinado para o uso dos meios mais eficientes de transporte, isto é, os
que transportam um maior número de pessoas ocupando menos espaço.
Fonte: Artigo de Marcos P. Bicalho, consultor em planejamento de transportes da ANTP

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